Quantos negros comandam o futebol brasileiro?
O ponto de partida para o levantamento é a observação, na prática, de que não existem negros nos postos de comando do futebol brasileiro. Por outro lado, quando vemos a cena dos jogadores e comissão técnica descendo do ônibus da delegação em qualquer partida de futebol, é comum que a primeira figura a aparecer na câmera, o segurança do time, seja negro. Assim como acontece com os roupeiros, massagistas e demais funcionários do baixo escalão do clube.
A partir dessa percepção, mapeamos os 40 clubes das séries A e B para descobrir quantos deles contrataram um negro para as seguintes funções:
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Presidente do clube;
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Dirigente de futebol;
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Técnico;
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Auxiliar técnico.
Na aba “Levantamento”, é possível conferir a tabela com o nome de todos os que ocupavam as respectivas funções até o dia 21 de outubro de 2019. No entanto. O levantamento não espelha uma amostra muito grande da realidade, visto que, principalmente nas funções de treinador e auxiliar, existe uma rotatividade acima do normal no Brasil. Um exemplo disso é que a Serie A começou com apenas um treinador negro e, até o levantamento ser fechado, haviam 3 treinadores negros nos clubes que disputam o brasileirão.
Ainda, o número de auxiliares técnicos não é padrão para todos os clubes. Sendo assim, optamos por colocar na contagem, no caso de haver mais de um auxiliar, apenas o negro. No caso de todos serem brancos, colocamos um dos nomes a partir de uma escolha aleatória, que não influencia na porcentagem do levantamento.
Para a contagem dos dirigentes de futebol, três clubes apresentaram informações controvérsias e não atenderam às solicitações da reportagem, portanto os nomes não foram computados no levantamento (bem como o número total de cargos ocupados, que não levou em conta os 40 clubes).
Resultados
Foram analisados, no total, 153 pessoas. Dentre essas:
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Presidente (40)
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Dirigente de futebol (37)
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Não entraram para o levantamento os funcionários do Athlético-PR, Atlético-GO e Guarani.
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Treinador (40)
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Auxiliar técnico (36)
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Não entraram para o levantamento os funcionários da Chapecoense, do Corinthians, do Figueirense e do Guarani.
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Dentre os 153 analisados, apenas 12 são negros:
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3 treinadores da Série A;
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2 treinadores da Série B;
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4 auxiliares técnicos na Série A;
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3 auxiliares técnicos na Série B;
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Não há presidentes ou dirigentes de futebol negro nas Séries A e B do brasileirão.
Sendo assim, os números finais são:
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7,84% das pessoas pesquisadas são negras;
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4,27% dos 117 presidentes/técnicos/diretores pesquisados são negros;
(Essa conta foi feita à parte pois desconsidera os auxiliares técnicos, que representam a função de menor poder dentre as analisadas pelo levantamento)
E ainda:
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15% dos treinadores da Série A são negros;
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10% dos treinadores da Série B são negros;
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20% dos auxiliares da Série A são negros;
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15% dos auxiliares da Série B são negros;
Não existem negros nas principais funções de comando do futebol brasileiro, presidentes e dirigentes de futebol, que encabeçam as equipes e contratam todos os funcionários e atletas. E nenhuma das funções chega perto dos 55% de negros que existem no Brasil. A estrutura social do nosso país e, principalmente, do nosso futebol, é racista.